Igreja de Nossa Senhora da Oliveira


A Igreja de Santa Maria de Guimarães era como se denominava no século XII, depois Santa Maria da Oliveira, e a partir de meados do século XIV, cabeça de Insigne e Real colegiada de Nossa Senhora da Oliveira, que se diz fundada por D. Afonso Henriques, era certamente nos seus inícios, no século X, templo latino bizantino, com sucessivas reedificações, românica (séc. XIII), gótica (séc. XIV) e neoclássica (séc. XIX), sendo ainda hoje o gótico da reforma de D. João I o estilo nela dominante.

Exteriormente, a portada e o frontão gótico-flamejante são desse período joanino. O frontão é, nem mais nem menos, do que uma sugestão, aliás profunda, do altar de prata, em forma de tríptico, que os portugueses conquistaram aos castelhanos na batalha de Aljubarrota. E no frontão, vêem-se as figuras em vulto de D. João I e da Rainha D. Filipa de Lencastre.


O arco da porta principal, sob este frontão, é de volta e arquivoltas, com ornamentação de bilhetas e rosetas; assenta em três colunas e um cogumelo de cada banda, com capitéis antropomórficos e zoomórficos.

Na cruz terminal do frontão, as armas de D. João I. A torre também não é já a de reedificação de D. João I. Foi começada a levantar pelo Dr. Pedro Esteves e por sua mulher Isabel Pinheira, e concluída, à roda de 1513 por seu filho D. Diogo Pinheiro.


Tem na sua frontaria uma bela janela Manuelina, encimada por um escudo esquartelado de Pinheiros, Lacerdas, Pereiras e Lobos, com a respectiva inscrição. Estas armas foram aqui postas por D. Diogo Pinheiro, administrador desta capela.

A torre divide-se em três andares, separados por frisos, coroada com uma cúpula piramidal, ameada. A sineira é obra do mestre Manuel dos Santos e o relógio foi aí colocado em 1744. Tem duas gárgulas zoomórficas e os cunhais são decorados ao gosto Manuelino.No interior, a igreja é de três naves, separadas por três arcos de volta quebrada de cada lado, com restos de pinturas, quinhentistas talvez, a ouro. Estes arcos assentam em colunas, com colenelos adossados, capitéis antropomórficos, zoomórficos e fitomórficos. Na nave central, o tecto, reconstituído, é de madeira, tal como os das naves laterais.


Nos seus primórdios tinha onze altares, sendo quatro de cada parte das naves, capela-mor e as capelas colaterais desta. Na arqueologia cristã (1900) apontam os altares da nave, em número de quatro: Santa Ana, Nossa Senhora da Conceição, Espírito Santo e S. Nicolau.

A capela-mor foi reedificada, entre 1670 e 1682, por mandado de D. Pedro II, desdizendo, portanto, do resto do templo na sua arquitectura. Foi depois reformada no seu arranjo pelo D. Prior, D. Domingos de Portugal da Gama (1770-72). O arco cruzeiro é de volta inteira como os das capelas colaterais, no transepto com um altar-mor rocaille, de duas colunas lisas de cada lado e trono onde está a imagem de Nossa Senhora da Oliveira.

O cadeiral, grades, estuques e varandins nas seis janelas que a iluminam, são ao gosto neo-clássico. O primitivo cadeiral era obra de Gaspar dos reis (1688). Duas grandes telas, atribuídas a Pedro Alexandrino, representam S. Dâmaso Papa e S. Torcato. O tecto é de caixotões, tendo pintado ao centro as armas reais, do monarca reedificador.

O altar e a decoração são neo-clássicos, mas ali se guarda o famoso sacrário indo-português, de prata. Segue-se uma pequena capela baptismal, com restos de azulejos seiscentistas, e a pia barroca. Na pia baptismal que antes viera para aqui, trazida pelo Dom Prior D. Diogo Lobo da Silveira, da igreja de SD. Miguel do Castelo, dizem fora baptizado D. Afonso Henrique, pelo que nela se mandou gravar a inscrição: «Nesta pia foi baptizado El Rei D. Afonso Henriques pelo Arcebispo S. Giraldo no ano de 1106».